Todos os auditores, desde a suas primeiras formações, são treinados e conscientizados da importância de conhecer e aplicar as normas de auditoria e os métodos e técnicas mais apropriados para as situações que irão se defrontar e, mais recentemente, há uma tendência inevitável de aumentar os conhecimentos e habilidades em tecnologia da informação, na medida em que as organizações estão cada vez mais dependentes dela para executar seus processos.
No entanto, geralmente há um aspecto um tanto esquecido na formação dos auditores que é a habilidade de lidar com pessoas. Essa lacuna na formação dos auditores pode ter consequências importantes durante a auditoria e nos resultados dos trabalhos.
Em primeiro lugar, um trabalho de auditoria sempre gera um certo mal estar não declarado nos auditados, pois intrinsicamente não é confortável ter seu trabalho avaliado. O auditor tem de lidar com o auditado, solicitando documentos, procurando obter informações ou lidando com resistências e situações de tensão. Para diminuir essa tensão é necessário que o auditor saiba estabelecer um nível de rapport com o auditado, até mesmo para facilitar o acesso a determinadas informações. Além disso, saber estabelecer rapport é fundamental para o bom desenvolvimento das entrevistas que o auditor terá de realizar no curso da auditoria.
É possível que ocorra falta de cooperação por parte do auditado ou mesmo
situações de conflito com os auditados ou na própria equipe. Em geral o auditor não é preparado para lidar com essas situações e não sabe lidar com os conflitos. Um conflito bem gerido não constitui problema e pode até ser benéfico para o trabalho. Por outro lado, um conflito mal gerido pode aumentar a resistência por parte do auditado, provocar a indisposição da equipe com o supervisor ou mesmo desagregar a equipe.
Algumas situações isoladas ou mesmo o conjunto dessas situações pode causar estresse nos membros de uma equipe. Em geral o auditor não é preparado para lidar com essas situações e não sabe lidar com o estresse. Estresse acumulado resulta em somatização de problemas no corpo tais como bruxismo, gastrite, insônia ou mesmo algo mais sério como um burnout. Se, por outro lado o auditor tem no seu repertório estratégias e técnicas de redução de estresse ele pode zerar um dia estressante, resultando em melhor descanso e produtividade no dia seguinte.
Para que o trabalho de auditoria tenha um nível de qualidade excelente é necessário um grau de motivação constante durante o seu curso, já que ninguém dá o seu melhor desmotivado. Sabendo como funcionam os seus mecanismos internos o auditor é capaz de mudar seu estado emocional e aumentar não só os seus níveis de motivação, mas também os níveis de motivação dos outros componentes da equipe.
Auditoria é essencialmente um trabalho em equipe, portanto o auditor tem de lidar com colegas de equipe. O auditor também tem de lidar com seus superiores, negociando prazos ou discutindo rumos para os trabalhos, consistência dos achados ou o próprio relatório de auditoria. Para negociar com eficácia, é preciso que o auditor saiba persuadir, não só o auditado, mas também seus superiores e os demais usuários do trabalho de auditoria dos achados apontados e das soluções propostas.
Para melhor persuadir, evitar e gerenciar melhor conflitos, aumentar a sua capacidade de obter e interpretar as informações recebidas e de interagir melhor com a equipe são necessárias habilidades de comunicação, no sentido de saber como a mente funciona e como as informações são filtradas e que consequências esse processamento acarreta.
Assim, a atividade de auditoria exige mais do que conhecimentos em normas de auditoria, métodos e técnicas. Exige habilidades de relacionamento intrapessoal e interpessoal, ou seja, fazer com que o auditor aumente o conhecimento de como ele funciona e como os outros funcionam para, dessa forma lidar melhor com o auditado, com os seus colegas de equipe e seus superiores. O resultado é um trabalho mais produtivo e um nível de satisfação muito maior com a atividade de auditoria.
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